segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Arquitectos - I

Sobre a prática dos arquitectos


Pode um arquitecto desenvolver um projecto para determinado sítio, eternamente fixado ao estirador e computador de sua oficina?

Pois não há-de esse mesmo sítio indicar e informar a realidade dos problemas que se levantam e assinalar o caminho para as soluções adequadas ao projecto em causa?

O minimalismo abstraccionista que tende a reduzir as figuras à expressão geométrica, não as transforma em esquemas mortos?

Ou não é a geometria o esqueleto das artes?

Se aceitarmos a arquitectura como expressão artística, então o que confere forma animada a uma obra arquitectónica para que não se quede como esquema morto?

Na sucessão dos tempos, não serão alguns vividos profunda e firmemente e outros passados em existência ruminante e epidérmica?

Que tempo é este que nos é dado viver?

Qual a origem da Arquitectura?

Que sentido e razão a justificam?

De que modo interfere a expressão da actividade arquitectónica no convívio entre os homens?

E em que medida contribui ou dificulta a liberdade das pessoas?

Não é do seio das famílias que grande parte das crises, ditas sociais, emanam?

Que consequências trará a uma família a ausência de ordem, segurança e conforto no seu lar?

Interroguemo-nos do mesmo modo sobre o ambiente laboral e, o que nos ocorre dizer sobre os critérios e qualificação da construção que se desenvolve neste tempo que nos cabe?

Não é nos momentos de encontro de cada homem com a sua circunstância, em sua justa medida, que se dá a promoção da harmonia e do conforto que procura durante a vida?

A composição de uma obra arquitectónica, por analogia ao organismo humano, por exemplo, não deverá dar-se de tal modo que seus órgãos se agrupem e interrelacionem conforme as suas funções e respectivas interdependências?

A proporção da forma arquitectónica não resulta das justas medidas necessárias ao abrigo da função a que se destinam?

E em certa forma arquitectónica, a hierarquia das funções não determina a posição relativa de cada uma delas face às demais, reflectindo-se fatal e consequentemente os seus graus de importância na composição em causa?

É errado dizer que sempre, de algum modo, uma obra arquitectónica afecta o pensamento de quem com ela interage?

Afinal que valores movem o arquitecto actual, que é quem grava sobre o território a escrita que em sentido transversal à sucessão de gerações humanas condiciona todas essas vidas?

Afinal que civilização serve o arquitecto que nos condiciona a vida?

Na verdade, não depende dele muita da nossa emoção, da nossa racionalidade e da nossa vida?
Então, que responsabilidades deveremos firmemente exigir-lhe?

Sem comentários: