quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O Guardador das Rotas e das Rótulas – II

O nome de Portugal



Ao procurarmos compreender as relações dos povos entre si, em todos os tempos ou em qualquer tempo, parece difícil faze-lo sem que se atenda a eventuais motores de ordem espiritual, metafísica e religiosa. Consoante o povo ou os povos a estudar, afigura-se necessário indagar entre todo o género de expressão humana revelador de condicionantes dos costumes desses mesmos povos, sendo que essas fontes podem ser de características epigráficas, iconográficas, bibliográficas, documentais, monumentais, ou quaisquer outras, mesmo as de aparência subtil e pouco perceptível à leitura imediata dos sentidos. O percurso, a revelação e a dinâmica que o Cristianismo (que é como quem diz: a Igreja Católica) a todo o instante disponibiliza ao mundo, surge-nos também para Portugal, em todo o seu tempo e em toda a sua extensão, como a novidade em perpétua propagação, confinando, envolvendo e sublimando amorosa e universalmente todas as potenciais diversidades.

Assim, não vislumbramos a possibilidade de um novo desenho global nas relações entre todos os povos, sem a continuação do contributo efectivo de Portugal. Entenda-se Portugal como uma entidade que se exprime através das gentes das orlas, e que com sabedoria se fixam em pontos estratégicos gerindo e guardando os portos e as portas pelos quais e pelas quais passam as novidades que garantem a comunhão entre todos os entes e todas as coisas do mundo. Em toda a existência, o nome de Portugal parece pois só ter sentido firmado na consciência constante que as gentes e os povos das orlas hão-de guardar, enquanto responsáveis pela gestão das passagens que de si dependem.

O corpo de Portugal parece assim espalhado pelo Orbe. Mas, tal como as passagens numa casa, de fora para dentro, ou de dentro para fora, ou de um compartimento para o outro, em que nos podemos deparar com avarias diversas nos mecanismos que constituem as correspondentes portas, por excesso de uso sem manutenção adequada, ou apenas por negligência, abrindo caminho inseguro às relações entre os vários mundos que por elas comunicam, dizia, tal como as passagens numa casa, a quantidade de portos e de portas, que de acordo com o Arquitecto-paisagista Álvaro Ponce Dentinho parecem justificar o nome de Portugal, parecem também carecer da atenção especial dos responsáveis pela respectiva manutenção… Ou, já que o espírito sopra onde e como quer, terá Portugal mudado de nome?

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